Vereadores cobram reabertura da maternidade e um novo secretário de saúde
Os vereadores de Ibiúna exigiram a urgente reabertura da maternidade e a melhoria no atendimento do Hospital Municipal. A reivindicação aconteceu na última segunda-feira (20), durante uma audiência pública da Comissão de Saúde e Assistência Social da Câmara Municipal. De acordo com o secretário Municipal de Governo e interino da Saúde, Sérgio Matos de Oliveira, até junho, a maternidade estará reaberta. "A situação precária já vinha desde anos atrás. Por isso, não é possível resolver tudo de um dia para o outro. A administração Fábio Bello deixou o hospital totalmente sucateado, com problemas que vão desde vazamentos no telhado, até prestações de contas irregulares, o que impediu a vinda de recursos para o município. Isso tudo levou ao caos do sistema. Entretanto, estamos reestruturando tudo para que possamos oferecer um atendimento digno e eficiente", garantiu Sérgio.
Os vereadores também exigiram que seja nomeado um secretário definitivo para a saúde. "O Sérgio vem se esforçando, mas é muito sobrecarregado. Precisamos de uma pessoa que esteja disponível 24 horas, exclusivamente para a saúde, uma vez que tal pasta é uma das mais importantes. É necessário criar uma equipe dentro do hospital, com um líder que realmente esteja lá, que tenha conhecimento dos problemas e saiba solucioná-los. Estamos a disposição para indicar pessoas especializadas na área. Basta a administração aceitar", declarou o vereador Ismael Pereira.
O secretário disse que ainda está procurando um nome. "Inclusive o próprio vereador Paulinho Sasaki me ligou se oferecendo para ocupar a cadeira de secretário da saúde. Entretanto, é um cargo muito importante que será nomeado no tempo certo. Estamos avaliando e estudando a melhor forma. Não podemos mais errar, por isso, temos que ter muito cuidado", disse Sérgio.
Falta medicamentos
O vereador Jair Marmelo (PC do B) pediu mais agilidade no fornecimento de remédios para os pacientes do município. "É muita burocracia, pois tem que passar pela assistente social, depois para o departamento jurídico e isso leva mais de cinco dias. O doente não pode esperar, se não corre risco de morte. Então acaba os vereadores tendo que bancar do próprio bolso, o que não é a nossa função. Teria que haver uma maneira mais fácil de se conseguir os medicamentos", solicitou Jair.
Sergio respondeu que Ibiúna é um município muito assistencialista, com problemas sociais graves. "Sendo assim, temos que analisar todos os casos, pois não podemos fornecer medicamento para todo mundo. Também tem que ser feito o cadastro de medicamentos de alto custo e um sistema de informação eficiente que oriente os médicos a receitarem genéricos mais baratos. O paciente ainda precisa passar periodicamente no especialista para ver se realmente precisa ficar tomando o mesmo remédio. Estamos fazendo toda essa reorganização para reduzir os custos e atender melhor a população. O município não tem condições de arcar com tanta despesa na saúde. Devido a falta de prestação de contas por parte da administração anterior, ficamos sem repasse do Estado. Isso também comprometeu o fornecimento", declarou o secretário.
Mais de 2 milhões por mês
De acordo com o Secretário Municipal de Finanças, Agenor Pereira de Camargo, o município gastou R$ 6,1 milhões na saúde nos primeiros três meses de 2010. "Desde total, a maior parte, cerca de R$ 4,3 milhões, foram gastos com pessoal, R$ 390 mil com médicos contratados, R$ 189 mil com hemodiálise, R$ 172 mil com medicamentos e R$ 42 mil com combustível. O maior problema é que, deste montante, mais de R$ 5 milhões foram bancados com recursos próprios do município, consumindo R$ 27,39% do orçamento. Isso porque o Estado não repassou nem um centavo para Ibiúna, sendo toda verba foi redirecionada para Itu. Já o Governo Federal mandou apenas R$ 990 mil", explicou Agenor.
Cartilha da CEV
O vereador Pedrão da Água (PTB) reafirmou que o relatório da Comissão Especial de Vereadores (CEV), que investigou o caos na saúde pública do município, é uma verdadeira cartilha sobre quais as coisas que não se deve fazer para que o hospital funcione. "O atendimento melhorou. Entretanto, muitas irregularidades apontadas pela CEI continuam a serem praticadas. Basta a atual administração pegar e ler o relatório para tomar atitudes mais severas. Infelizmente, chega-se a conclusão que ainda existem médicos fantasmas, raio-x com data marcada para quebrar e outras suspeitas de fraudes", concluiu Pedrão.
Paulinho Sasaki (PTB) e Roque José Pereira (DEM) também criticaram o fato de o município ter gasto mais de R$ 2 milhões por mês com saúde e ainda faltarem médicos e medicamentos no hospital. "Pelo o que sabemos, tem 104 médicos concursados. Onde estão estes profissionais? É preciso ter mais rigor na fiscalização dos mesmos, remanejar, abrir sindicância, demitir, enfim, tomar alguma atitude. Se não fizer isso, continuaremos jogando dinheiro fora. Já o raio-x, se está velho e não funciona, faz um financiamento e compra outro novo. O que não pode é o povo ficar sem atendimento digno", protestou Roque.
OS no hospital
Sergio encerrou dizendo que o Conselho Municipal de Saúde, juntamente com a população, irá escolher uma Organização Social (OS) para administrar o hospital. "As entidades terão que apresentar projetos para assumirem o sistema. Em conjunto com o Conselho iremos escolher a que acharmos que melhor se enquadre às necessidades do município. Quero contar com a colaboração e sugestão de todos para que, em breve, possamos solucionar estes problemas e transformar o hospital de Ibiúna em uma referência na região", encerrou o secretário.
O presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Jamil Marcicano (DEM), concluiu a reunião pedindo que todos os envolvidos com a saúde do município se dediquem ao máximo para resolverem esta situação. "Já chegamos ao limite. Todos precisam trabalhar com amor e dedicação total a fim de sairmos deste caos. A população tem que ser tratada com mais respeito", desabafou Jamil.